A VERDADE DO EVANGELHO

MEMÓRIAS DE CHARLES G. FINNEY

por Charles G. Finney

CAPÍTULO XX.

 
OS AVIVAMENTOS EM COLUMBIA, E NA CIDADE DE NOVA IORQUE

 

De Lancaster, em meados do verão de 1830, retornei para o condado de Oneida, Nova Iorque, e passei algum tempo na casa de meu sogro. Creio que foi nessa época, durante minha estada em Whitestown, que ocorreu uma situação muito interessante, e que relatarei. Um mensageiro veio da cidade de Columbia, no condado de Herkimer, solicitando que eu fosse ajudar na obra da graça naquele lugar, e que já havia começado. Tudo me foi apresentado de tal forma que fui induzido a ir. Contudo, não esperava permanecer ali na época, eu tinha outros convites, convites com mais pressão para trabalhar. Então, fui até lá para ver e para ajudar como podia, por um curto tempo.

 

Em Columbia havia uma grande igreja Alemã, cujos membros haviam sido aceitos, como dita seu costume, mediante exame de seus conhecimentos doutrinários, ao invés de sua experiência cristã. Por conseqüência, a igreja formara-se em sua maioria, como fui informado, de pessoas não convertidas. Tanto a igreja quanto a congregação eram muito grandes. Seu pastor era um homem jovem de nome H. Ele era descendente de alemães, natural da Pensilvânia.

 

Expôs-me a situação em Columbia e a si mesmo da seguinte forma. Ele disse que estudara teologia com um alemão doutor em divindade, no lugar onde vivia, alguém que não encorajava de forma alguma a religião experimental. Ele disse que um de seus colegas estudantes tinha uma inclinação religiosa, e costumava orar em seu quarto. Seu professor suspeitou disso, e de alguma maneira veio a saber do fato. Então aconselhou o jovem a parar, pois era uma prática muito perigosa, e ficaria louco se persistisse nela, e que depois ele seria o culpado por deixar que um aluno seguisse tal caminho. O Sr. H assumia que ele mesmo não tinha religião alguma. Ingressara na igreja pelo meio comum, e não achava que nada mais era necessário, no que diz respeito à devoção, para tornar-se um pastor. Mas sua mãe era uma mulher devota. Ela sabia da verdade, e ficava muito angustiada ao ver que um filho seu entraria no ministério sem jamais ter-se convertido. Quando ele recebeu um chamado para a igreja em Columbia, e estava prestes a sair de casa, sua mãe teve uma conversa muito séria com ele, pressionou-o sobre o fato de sua responsabilidade, e algumas coisas que ela disse causaram poderoso impacto em sua consciência. Ele disse que não conseguia esquecer essa conversa com sua mãe, que se mantinha com peso em sua mente, e suas convicções de pecado aprofundavam-se até quase levá-lo ao desespero.

 

Isso se estendeu por meses. Ele não tinha ninguém com quem se aconselhar, e não abria seu coração para nenhuma pessoa. Mas depois de uma severa e prolongada peleja, ele se converteu, veio para a luz, viu onde estava e onde havia estado, viu a condição de todas aquelas igrejas que tinham admitido seus membros da forma em que ele mesmo fora admitido. Sua esposa não era convertida. Ele imediatamente entregou-se a trabalhar para que ela se convertesse, e por Deus, logo conseguiu. Sua alma estava tomada por esse assunto, ele lia sua bíblia, orava e pregava com todas as suas forças. Mas ele era um jovem convertido, e não tivera a instrução necessária, então se sentiu perdido quanto ao quê fazer. Ele ia pela cidade, conversava com os presbíteros da igreja, conversava com os principais membros, e convencera a si mesmo de que um dos dois dos líderes entre os presbíteros, e muitas das senhoras de sua igreja, eram convertidos de fato.

 

Depois de muita oração e consideração, ele decidiu o que tinha que fazer. No domingo ele anunciou a todos que haveria uma reunião da igreja, num certo dia durante a semana, para a transação de negócios, e queria que todos os membros, em especial, estivessem presentes. Sua própria conversão, pregação, visitas e conversas pela cidade já tinham criado bastante agitação, de forma que a religião tornara-se um tópico comum de discussão, e seu chamado para uma reunião da igreja foi atendido, de modo que no dia marcado, quase todos estavam presentes.

 

Ele então lhes falou a respeito da verdadeira situação da igreja, e o erro no qual havia caído quanto às condições sob as quais os membros eram admitidos. Ele fez um discurso, parte em alemão, parte em inglês, para que todas as classes o entendessem, e depois de falar até que estivessem bastante comovidos, ele propôs desengajar a igreja e formar uma nova, insistindo que isso era essencial para a prosperidade da religião. Ele tinha um acordo com aqueles membros da igreja que acreditava serem realmente convertidos, para que liderassem a votação a favor de desmanchar a igreja. Isso foi movido para votação, mediante ao pedido feito por esses membros convertidos. Eles eram membros muito influentes, e as pessoas ao olharem em volta e vê-los de pé, levantaram-se, e por fim continuaram colocando-se de pé até quase a unanimidade. O pastor então disse "Agora não existe nenhuma igreja em Columbia.", e propôs para que formassem uma de cristãos, pessoas que se haviam convertido.

 

Então, diante da congregação, ele relatou sua própria experiência, chamou sua esposa, e ela fez o mesmo. Então seguiram os presbíteros e membros que eram convertidos, um após o outro, prosseguindo enquanto todos que pudessem relatar uma experiência cristã viessem à frente. Esses prosseguiram para formar uma igreja. Ele então disse para os outros "Suas relações com a igreja estão terminadas. Vocês estão no mundo e até que se convertam, e voltem para a igreja, não poderão batizar seus filhos, e não poderão participar das ordenanças da igreja." Isso gerou um grande pânico, pois de acordo com suas visões, era algo terrível não participar do sacramento, ou não batizar os filhos, porque essa era a maneira pela qual eles mesmos haviam-se tornado cristãos.

 

O Sr. H então trabalhou com todas as suas forças. Ele visitava, pregava, orava, realizava reuniões, e o interesse aumentava. Dessa forma a obra já vinha acontecendo por algum tempo, quando ele escutou falar que eu estava no condado de Oneida, e enviou-me um mensageiro. Encontrei nele um jovem convertido de coração ardente. Ele escutava minhas pregações com uma alegria quase incontrolável. Encontrei uma congregação grande e interessada, e até onde pude julgar, a obra estava num estado muito próspero e saudável. O avivamento continuou a se espalhar até alcançar e converter quase todos os habitantes da cidade. Galesburg, em Illinois, fora fundada por uma colônia de Columbia, e quase todos ali foram convertidos, eu acredito, pelo avivamento. O fundador da colônia e da Faculdade Knox, localizada ali, era o Sr. Gale, meu antigo pastor em Adams.

 

Contei os fatos, como me lembro deles, como relatados a mim pelo Sr. H. Eu achava que suas visões eram evangélicas, e seu coração ardente, e ele estava rodeado por uma congregação tão interessada em religião quanto se podia desejar.

 

Eles fixavam sua atenção, conforme eu apresentava a eles o Evangelho de Cristo, com um interesse e paciência tal, que afetava e muito, sendo bastante interessante. O próprio Sr. H era como uma criancinha, ensinável, humilde e sincero. Essa obra continuou por mais de um ano, como vim a saber, espalhando-se por toda aquela grande e interessante população de fazendeiros.

 

Depois que retornei de Whitestown, fui convidado a visitar a cidade de Nova Iorque. Anson G Phelps, desde que conhecido como um grande colaborador voluntário das principais instituições benevolentes de nosso país, sabendo que eu não havia sido convidado aos púlpitos daquela cidade, alugou uma igreja vazia na Rua Vandewater, e enviou-me um pedido urgente para que fosse pregar lá. Eu fiz isso, e um poderoso avivamento aconteceu. Encontrei o Dr. Phelps muito engajado na obra, e não hesitando promovê-la a qualquer custo. A igreja que alugara só poderia ser ocupada por três meses. Por isso o Sr. Phelps, antes que os três meses acabassem, comprou uma igreja na Rua Prince, perto da Broadway. Essa igreja havia sido construída pelos Universalistas, e foi vendida ao Sr. Phelps, que comprou e pagou por ela de seu próprio bolso. Da Rua Vandewater, formos portanto, para a Rua Prince, e ali formamos uma igreja, em sua maioria de pessoas que se haviam convertido durante nossas reuniões na Rua Vandewater. Continuei meus trabalhos na Rua Prince por alguns meses, creio que até ao final do verão.

 

Eu fiquei muito impactado, durante minhas obras ali, com a devoção do Sr. Phelps. Enquanto estávamos na Rua Vandewater, eu, minha esposa e nosso único filho éramos hóspedes de sua família. Eu percebi que, enquanto o Sr. Phelps era um homem literalmente carregado de negócios, de alguma forma ele preservava um elevado estado de espírito e mente, e que vinha diretamente do trabalho para nossas reuniões de oração, entrando nelas com tal espírito, que demonstrava claramente que sua mente não estivera tão absorta nos negócios a ponto de excluir as coisas espirituais. Ao observá-lo dia após dia, fiquei cada vez mais interessado em sua vida interior, e como ela era manifestada em sua vida exterior. Certa noite tive que ir até lá embaixo, creio que por volta da meia-noite, para pegar alguma coisa para nosso bebê. Eu supunha que toda a família estaria dormindo, mas para minha surpresa, encontrei o Sr. Phelps sentado perto da lareira, de pijamas, e vi que havia interrompido seu devocional particular. Desculpei-me dizendo que havia suposto que ele estaria dormindo. Ele respondeu "Irmão Finney, tenho muitos negócios me pressionando durante o dia, e tenho pouquíssimo tempo para meu devocional particular, e meu hábito é, depois de tirar um cochilo à noite, levanto-me para ter um período de comunhão com Deus." Depois de sua morte, que ocorreu há poucos anos, descobri que ele mantinha um diário durante essas horas da noite, totalizando vários livros manuscritos. Esse diário revelava as obras secretas de sua mente, e o real progresso de sua vida interior

 

Eu nunca soube o número de pessoas que se converteram enquanto eu estava nas ruas Prince e Vandewater, mas deve ter sido grande. Houve um caso de conversão que não posso omitir. Uma jovem visitou-me certo dia, grandemente convicta do pecado. Conversando com ela, vi que tinha muitas coisas em sua consciência. Ela tinha o hábito de furtar coisas de pouco valor, como me disse, desde a infância. Ela era filha única, eu acho, de uma senhora viúva, e tinha o hábito de pegar de seus colegas de escola e outros, lencinhos, broches, lápis, e qualquer coisa que tivesse a oportunidade de roubar. Ela fez uma confissão a respeito dessas coisas para mim, e perguntou-me o que deveria fazer sobre isso. Eu disse que ela deveria ir e devolver tudo, confessando àqueles de quem furtara.

 

É claro que isso foi um grande teste para ela, mas ainda assim suas convicções eram tão profundas que não podia continuar com aquelas coisas, então começou a tarefa de confessar e restituir. Mas conforme ela continuava com isso, continuava a lembrar de mais e mais circunstâncias como essas, e continuava a visitar-me com freqüência, confessando a mim seus roubos de quase todo o tipo de objeto que uma jovem pode usar. Perguntei-lhe se sua mãe sabia dessas coisas. Ela disse que sim, mas ela sempre dissera a sua mãe que havia ganhado tudo. Ele me disse numa certa ocasião "Sr. Finney, eu acho que roubei um milhão de vezes. Descobri que tenho muitas coisas que sei que roubei, mas não me lembro de quem." Recusei-me a aceitar que ela parasse, e insisti que continuasse a fazer sua restituição de todos os casos nos quais pudesse se lembrar corretamente. De tempos em tempos ela vinha até mim e contava o que fizera. Eu perguntei a ela o que as pessoas diziam quando ela devolvia os artigos. Ela respondeu "Alguns dizem que eu sou louca ou dizem que sou tola, e outros ficam muito comovidos.".

 

"Todos lhe perdoam?" Eu perguntei. "Ah, sim!" disse ela, "todos me perdoam, mas alguns acham que eu não deveria estar fazendo isso."

 

Um dia ela me contou que tinha um xale que roubara de uma filha do Bispo Hobart, então Bispo de Nova Iorque, que morava na Praça St. John, próximo à igreja St. John. Como de costume, disse-lhe que ela tinha que devolver. Poucos dias depois, fez-me uma visita e relatou-me o resultado. Ela disse que embrulhou o xale em um papel, foi com ele até lá, tocou a campainha da casa do Bispo, e quando o empregado veio, ela entregou-lhe o pacote, dizendo que era para o Bispo. Não deu nenhuma explicação, mas foi imediatamente embora, e correu virando a esquina para outra rua, a fim de que ninguém visse para onde ela foi e descobrisse quem ela era. Mas depois de dobrar a esquina, sua consciência pesou, e ela disse a si mesma "Eu não fiz isso direito. Podem suspeitar que outra pessoa tenha roubado o xale, a menos que eu vá até o Bispo e deixe claro quem o fez."

 

Ela virou, voltou imediatamente, e perguntou se poderia falar com o Bispo. Sendo informada que poderia, foi conduzida até seu escritório. Ela então confessou a ele, contando sobre o xale e tudo que se passara. "Bem," disse eu, "e como o Bispo a recebeu?" "Ah," ela disse "quando eu contei, ele chorou, colocou sua mão sobre minha cabeça e disse que me perdoava, orando a Deus que me perdoasse também." "E tem estado em paz com sua mente sobre isso desde então?" eu perguntei. Ela respondeu "Ah, sim!" Esse processo continuou por semanas, e acho que até por meses. Essa jovem ia de lugar em lugar, em todas as partes da cidade, restituindo as coisas que roubara, e confessando. Às vezes suas convicções eram tão terríveis, que ela parecia enlouquecer.

 

Certa manhã ela mandou chamar-me para ir até a casa de sua mãe. Eu fiz isso, e quando cheguei lá fui levado ao quarto dela, e encontrei-a com seu cabelo caído sobre os ombros, suas roupas desarrumadas, andando de um lado para o outro em agonia e desespero, e com um olhar que era assustador, porque indicava que ela estava à beira da loucura. Eu disse "Minha filha querida, qual é o problema?" Ela segurava em suas mãos um pequeno Testamento enquanto andava. Virou-se para mim e disse "Sr. Finney, eu roubei esse testamento. Eu roubei a palavra de Deus; será que Deus algum dia vai me perdoar? Não consigo me lembrar de qual das meninas roubei. Eu roubei de uma de minhas colegas da escola, e faz tanto tempo que realmente havia me esquecido de tê-lo roubado. Lembre-me disso esta manhã, e sinto que Deus jamais poderá perdoar-me por roubar Sua palavra." Assegurei-lhe que não havia razões para seu desespero. "Mas, o que devo fazer? Não consigo me lembrar de quem peguei." ela disse. Então eu falei "Guarde como um lembrete constante de seus antigos pecados, e use para o bem que pode agora tirar dele."

 

Ela disse "Ah, se ao menos pudesse me lembrar de onde peguei, devolveria no mesmo instante." "Bem." Disse eu, "se algum dia se lembrar, faça uma restituição na hora, seja ao devolver esse ou dando um novo." "Farei isso."

 

Todo esse processo era muito preocupante para mim, mas conforme prosseguiu, o final dessas transações resultou em uma transformação realmente maravilhosa de sua mente. Uma profundidade de humildade, um conhecimento profundo de si mesma e de suas transgressões, um coração quebrantado, um espírito contrito, e por fim uma fé, alegria, amor e paz, como um rio, aconteciam, e ela se tornou uma das mais fascinantes jovens convertidas que já conheci.

 

Quando se aproximou o tempo em que eu esperava deixar Nova Iorque, pensei que alguém na igreja pudesse ser seu conhecido, e poderia cuidar dela. Até essa época, tudo que se passara entre nós era segredo, mantido assim por mim mesmo. Mas como eu estava prestes a ir embora, contei o fato para o Sr. Phelps e a narração afetou-o grandemente. Ele disse "Irmão Finney, quero conhecê-la. Eu serei seu amigo, cuidarei do bem dela." Ele fez isso, como eu soube depois. Já não vejo essa jovem há muitos anos, creio de desde que relatei tudo ao Sr. Phelps. Mas quando voltei da Inglaterra da última vez, em visita a uma das filhas do Sr. Phelps, no meio da conversa esse caso foi mencionado. Eu então perguntei "Seu pai apresentou-lhes essa jovem?" "Ah, sim!" ela respondeu, "nós todas a conhecíamos" querendo dizer, eu suponho, todas as filhas da família. Eu disse "Bem, o que você sabe dela?" Ela respondeu "Ah, ela é uma cristã muito sincera. É casada e seu marido tem negócios nesta cidade. Ela faz parte da igreja e mora naquela rua", apontando para o lugar, não muito longe de onde estávamos. Então perguntei "Ela sempre manteve um caráter cristão consistente?" "Ah, sim!" foi a resposta, "é uma mulher excelente, mulher de oração." De alguma maneira fui informado, não me recordo agora da fonte dessa informação, de que a jovem dissera que jamais teve a tentação de furtar, desde sua conversão, que nunca mais soubera o que era ter o desejo de fazer isso.

 

Esse avivamento preparou o caminho, em Nova Iorque, para a organização das igrejas Presbiterianas Livres na cidade. Essas igrejas eram mais tarde compostas, na maior parte, pelos que se converteram no avivamento. Muitos deles haviam sido parte da igreja na Rua Prince.

 

A essa altura de minha narrativa, a fim de que sejam compreendidas muitas coisas que devo dizer de agora em diante, devo dar conta de algumas coisas sobre as circunstâncias ligadas à conversão do Sr. Lewis Tappan, e sua conexão posterior com minhas próprias obras. Esse relato recebi dele mesmo. Sua conversão ocorreu antes de sermos apresentados, sob as seguintes circunstâncias: Ele era um Unitário, e vivia em Boston. Seu irmão Arthur, era na época, um dos maiores mercantes em Nova Iorque, era um homem cristão sincero e ortodoxo. Os avivamentos na área central de Nova Iorque haviam criado bastante agitação entre os Unitários, e seus jornais publicavam muitas coisas contra esses movimentos. Em especial haviam histórias estranhas sobre mim, que me apresentavam como um fanático meio louco. Essas histórias haviam sido relatadas à Lewis Tappan pelo Sr. W, um dos principais ministros Unitários de Boston, e ele acreditou nelas. Elas eram aceitas por muitos dos Unitários na Nova Inglaterra, e por todo o Estado de Nova Iorque.

 

Enquanto essas histórias circulavam, Lewis Tappan visitou seu irmão Arthur em Nova Iorque, e um dia começaram a conversar sobre esses avivamentos. Lewis chamou a atenção de Arthur para o estranho fanatismo ligado à esses avivamentos, especialmente para o que se dizia sobre mim. Ele acreditava que eu declarava publicamente ser o general da brigada de Jesus Cristo. Isso, e outras histórias parecidas estavam em circulação, e Lewis insistia em sua veracidade. Arthur não acreditava de forma alguma e disse a Lewis que eram todas sem sentido e falsas, e que ele não deveria acreditar em nenhuma delas. Lewis, apoiando-se nas declarações do Sr. W, propôs uma aposta de quinhentos dólares, dizendo que podia provar que os artigos eram verdadeiros, especialmente o já mencionado. Arthur respondeu "Lewis, você sabe que eu não faço apostas, mas vou dizer o que farei. Se você puder provar por um testemunho digno de crédito, que aquilo é verdade, e que os artigos sobre o Sr. Finney são verdade, eu lhe darei quinhentos dólares. Faço essa oferta para levá-lo a investigar. Quero que você veja que essas histórias são falsas e que a fonte de onde vêm é totalmente indigna de confiança." Lewis, não duvidando que conseguisse a prova, pois tais coisas haviam sido não confiantemente acreditadas pelos Unitários, escreveu uma carta para o Rev. Sr. P, um pastor Unitário em Trenton Falls, Nova Iorque, a quem o Sr. W referira-se, e autorizou-o a gastar quinhentos dólares, se necessário fosse, para conseguir testemunhos suficientes para provar que a história era verdade, e testemunhos tais que levariam a convencer um júri de corte. O Sr. P, de acordo com isso, começou a procurar testemunhos, mas depois sofrer muito, não conseguiu nenhum, exceto pelo que havia em um pequeno jornal Universalista, publicado em Buffalo, no qual havia sido declarado que o Sr. Finney clamava ser o general da brigada de Jesus Cristo. Em lugar nenhum ele conseguia sequer a menor prova de que o artigo era verdadeiro. Muitas pessoa haviam escutado, e acreditado, que eu dissera essas coisas em algum lugar, mas conforme ele seguia os artigos de cidade em cidade, por seus correspondentes, pode ver que tais coisas não haviam sido ditas em lugar nenhum.

 

Isso, junto com outros problemas, ele disse, levou-o a refletir seriamente sobre a natureza da oposição, e sobre a fonte de onde viera. Sabendo da ênfase dada a essas histórias pelos Unitários, e do uso que fizeram delas para se oporem aos avivamentos em Nova Iorque e em outros lugares, sua confiança neles ficou extremamente abalada. Assim, seu preconceito contra os avivamentos e contra o povo ortodoxo diminuiu. Ele foi levado a rever as escritas teológicas dos Ortodoxos e Unitários com grande seriedade, e o resultado foi que adotou as visões ortodoxas. A mãe dos Tappans era uma mulher de muita oração, mulher de Deus. Ela jamais tivera nenhuma simpatia pelo Unitarismo. Ela tinha vivido uma vida de oração, e deixara uma forte impressão sobre seus filhos.

 

Logo que Lewis Tappan se converteu, tornou-se tão firme e zeloso em seu apoio às visões ortodoxas e avivamentos religiosos, quanto fora em sua oposição a eles. Na época em que saí de Nova Iorque, depois de minha sobras nas ruas Vandewater e Prince, o Sr. Tappan e alguns outros bons irmãos ficaram insatisfeitos com a situação em Nova Iorque, e depois de muita oração e consideração, decidiram organizar uma nova congregação, e introduzir novos métodos para a conversão dos homens. Conseguiram um lugar para adorar, e chamaram o Rev. Joel Parker, que então era pastor da Terceira Igreja Presbiteriana em Rochester, para vir ajudá-los. O Sr. Parker chegou a Nova Iorque e começou sua obra, creio que na mesma época em que encerrei as minhas na rua Prince. A Primeira Igreja Presbiteriana Livre foi formada em Nova Iorque nessa época, e o Sr. Parker tornou-se seu pastor. Eles trabalhavam especialmente em meio àquele grupo da população que não tinha o costume de participar de reuniões em lugar nenhum, e foram muito bem-sucedidos. Acabaram por erguer o segundo piso de alguns armazéns na rua Dey, que comportavam uma boa congregação, a ali continuaram com suas obras.

 

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